quarta-feira, 27 de julho de 2011

O ESTRANHO MEDO DE FALAR...

Até, mais ou menos, meus 25 anos, eu não conseguia falar sobre as coisas que me incomodavam. Tinha medo de colocar para fora minhas dúvidas, insatisfações e, conquentemente, de perder as pessoas que despertavam essas inquietações em mim. Era uma tortura. Eu vivia constantemente angustiada porque, pelo medo de falar, engolia coisas que, hoje em dia, jamais pensaria em aceitar. Na minha cabeça, se falasse, perderia as pessoas que me faziam sentir mal. Não é estranho querer continuar perto de quem te faz sentir mal?

Eu não sei exatamente porque agia assim, mas acho que tem a ver com a personalidade do meu pai. Muito autoritário, resolvia tudo no grito e na imposição de suas vontades, sem considerar a minha opinião ou das minhas irmãs e mãe. Um psicólogo diria que as vivências da infância contribuem para a definição do que somos na vida adulta. Não sei... só sei que eu era assim.

Foi com muita prática e vontade de mudar que comecei a expressar o que sinto. Comecei devagar, com assuntos de trabalho. Aos poucos, fui tomando coragem para me expressar também nas amizades e, finalmente, no relacionamento. Desde que comecei, não perdi ninguém. Não por causa disso.

O medo de falar é humilhante. Nos coloca numa posição de submissão e passividade em relação aos outros que chega a doer. Muitas vezes, dizemos que agimos assim por culpa dos outros, que não nos dão abertura, nos inibem e por aí afora. Bobagem. Ter a atitude de falar só depende de nós.

Com base na minha experiência, minha dica aqui é: se você está incomodado com alguma coisa, fale. Mas lembre-se de falar sobre o que sente diretamente para a pessoa que gerou seu incômodo (falar de alguém para outra pessoa não conta como superação do medo de expressar seus sentimentos e soa como fofoca).

É claro que falar o que sentimos tem seu preço, como não ser compreendida, por exemplo. Mas aí, entra a questão da assertividade, que é um bom tema para um outro texto.

4 comentários:

José Inocencio disse...

O medo de falar está no fato de como irão entendê-lo. Ser mal interpertado é o maior medo. Existem os bons e maus ouvintes cabe a nós saber a quem falar de forma aberta e consciente. :*

victor disse...

Oi Ka que surpresa!!!, como conheci-a primeiramente profissionalmente e depois afetivamente, nao imaginava essa dificuldade de expressao. Posso dizer que no campo profissional voce da show, tenho inveja mesmo, pois eu nao consigo ter 10% da sua performace. um super beijo.

Meyre Lapido disse...

Realmente, tomar a atitude de falar só depende de nos mas,será que antes de falar não devemos pensar primeiro se aquilo que nos incomodou realmente fez uma grande diferença na nossa vida? Porque senão, vira julgamento,e o julgamento é algo que deve ser guardado no recanto de nossa consciência.Nós não temos o direito de julgar nem de enquadrar a atitude do próximo no nosso conceito pessoal de certo o errado.Qto a submissão,eu sei que ela embota o crescimento e estimula o dominador a permanecer na tirania(será que as vezes não somos nos o tirano?),tenho tentado me modificar em relação a isso(foram muitos anos de baixa autoestima). Aprendi que ningúem pode ser mais do que é nem andar mais rápido que as pernas permitem e que não devo me sentir culpado por causa disso.
Eu não tenho dificuldade nem uma de falar (qdo precisa ser falado)com as pessoas, menos com minhas filhas porque isso envolve uma carga emocional muito grande, por isso cometo o grande erro de fiscar resmungando ao invés de falar diretamente. Esses dias cometi esse erro,peço que me perdoe e procure me entender. te amo!

Marli disse...

Oi Karina, bem interessante seu texto. Minha experiência é totalmente o contrário da sua. Eu sempre falei tudo o que pensava, sem muito tato, o que me fazia sentir mal depois. Hoje porém tenho tentado não falar tudo o que penso, pois muitas vezes não vale a pena expressar tudo a todos.
Concordo com a Meyre que questiona se o que a incomodou fez realmente uma grande diferença. Dificil no momento da mágoa, mas estou disposta a tentar.