sábado, 4 de fevereiro de 2012

TRAIÇÃO

Quase trinta anos. Esse era o tempo que estavam juntos, entre namoro e casamento, quando ela descobriu que estava sendo traída.

Disse que foi por acaso, quando ele esqueceu de levar o celular para o trabalho.

Não sei ao certo o que a fez extrapolar o limite da confiança e ler as mensagens que ele estava recebendo. Intuição de que algo estava errado ou curiosidade ingênua, dessas que acometem crianças e que faz com que descubram o mundo? Não sei... Só sei que os minutos que dedicou a conhecer o mundo dele desmoronaram sua vida.

Ele, é claro, negou. Disse que as mensagens estavam sendo enviadas por engano. Manteve esse discurso até o fim, abusando da confiança que ela nutria por ele desde os 15 anos.

E foi assim, negando e a deixando louca, que ele seguiu com a mentira até que ela constatasse com os próprios olhos o que ele, por covardia, se recusava a admitir.

Mais do que a dor da traição, ela sentiu a dor de ser considerada burra, ingênua e, sobretudo, de não ser digna do respeito do pai dos seus filhos, do companheiro que um dia a enxergou sob os olhos do amor e que a fez acreditar que a veria assim para sempre.

Quando me contou essa história, vi a dor em seus olhos e não sabia o que falar. Como consolar alguém sobre algo que é tão comum para a maioria das pessoas, mas tão único para quem está vivendo isso?

Falei do amor próprio que, aliás, estava faltando em todos os envolvidos nesse triângulo amoroso: dela, por querer provar que ainda é a melhor escolha para o marido; da amante, por sujeitar-se ao papel de cúmplice, ingenuamente acreditando nas bobagens que talvez lhe são faladas como desculpa para não ser assumida no relacionamento; e ele, por não ser capaz de assumir, francamente, do que sentia falta em todos esses anos.

Falei que essa dor passa e que era uma escolha dela perdoar e seguir em frente como uma esposa-mãe cuidadosa ou como uma mulher que, com o sofrimento, aprende a se colocar em primeiro lugar diante da vida.

Sinceramente, torço pela segunda opção.


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2 comentários:

Patricia Maura disse...

Ká, muito bom o texto, porém triste. Ninguém é obrigado a ficar com com ninguém e enganando. Não sei bem se enganando alguém ou a si próprio!!!

Adriano disse...

Que situação horrivel! Não sei se existe algo tão duro e que machuque tao profundo, quanto uma traição dentro do casamento.

O casamento, em teoria, deveria ser o relacionamento mais intimo e seguro de todos - por isso a dor e' tão grande.

Creio que todo homem (e mulher) estão "a uma decisão" de trair a pessoa amada. Espero que qualquer que seja o final desta historia, que a pessoa traida consiga perdoar para o seu proprio bem.