Eu vou ao supermercado e vejo que para cada problema de sujeira que eu tenho em casa - gordura, poeira, mancha no tapete, no sofá, no espelho e muitos mais - existe uma solução. Até para o hábito de lavar calcinha no chuveiro inventaram um sabãozinho específico para roupas íntimas. Como resultado dessa infinidade de opções para facilitar os serviços "do lar" temos embalagens e mais embalagens que, muitas vezes, vão diretamente para o lixo.
Nada contra a inovação, mas às vezes tenho dúvidas se tantas opções são realmente necessárias.
Os consumidores são incentivados, a todo momento, a fazer a sua parte em prol da preservação do meio ambiente. Frases como "Use sacolas retornáveis, prefira produtos biodegradáveis, economize energia e água, troque o copinho plástico pelo squeeze, faça a coleta seletiva" são marteladas na nossa cabeça constantemente.
Eu juro que tento seguir essas dicas, mas não e fácil. Pelo menos não aqui em Porto Velho.
Um dia desses, me dispus a ir a um supermercado mais longe que os que costumo frequentar aqui em Porto Velho para comprar produtos de limpeza em embalagens maiores. Minha intenção é gerar a menor quantidade de lixo possível, pois a cidade, por incrível que pareça, não tem aterro sanitário (ainda é adepta do tradicional "lixão). O supermercado, no entanto, só oferecia opções de produtos de 250ml, o que me obrigaria a comprar, para não ter que voltar ali tão cedo, no mínimo quatro embalagens. Comprei apenas uma e fui embora.
Comprei um sapato numa loja e a vendedora pediu para fazer o meu cadastro. Na hora de fornecer meu endereço, perguntei se a loja costuma mandar propaganda em papel para a residência dos clientes e ela respondeu que sim. Educadamente, falei que eu prefiro receber propagandas digitais e que, por isso, forneceria apenas meu endereço de e-mail. A vendedora argumentou que seria apenas um catálogo eventualmente. Foi difícil convencê-la de que a questão ali não era a quantidade e, sim, o princípio. Por fim, deixei apenas meu e-mail mesmo.
Empresas que reciclam papel, plástico e vidro também não existem por aqui. Tudo o que é coletado por Catadores de Lixo tem que ser enviado para fora do Estado. Alguns Catadores já se organizaram em associações e cooperativas, mas ainda estão no começo de uma longa estrada que ainda têm pela frente.
Uma curiosidade é que faz um ano que moro em Porto Velho e até agora não vi nenhum Catador ou ponto de coleta de materiais recicláveis interessados em recipientes de vidro.
E olha que o vidro é um produto infinitamente reciclável.
Em prol da natureza, às vezes penso se não seria melhor que antigos, porém ecológicos, hábitos retornassem à nossa rotina como usar a nossa própria vasilha para receber o leite em casa, pedir comida nas tradicionais "marmitas" que precisavam ser devolvidas ao fornecedor, fazer café no coador de pano (em casa já fazemos isso), voltar a usar apenas sabão de côco para lavar louças e roupas e guardanapo de pano para limpar a boca.
Não sei... estou buscando alternativas. Quero fazer a minha parte, mas seria bom que as indústrias também fizessem a parte delas pensando em tecnologias de embalagens que se dissolvessem, por exemplo, assim que o conteúdo acabasse, não deixando rastro de que algum dia existiram. Vamos ter que "viajar na maionese" em busca de soluções...quem sabe alguma alternativa viável apareça?
Um comentário:
Oi Karina,
Aqui em Dubai a coisa não é muito diferente. O consumismo nos faz gerar uma quantidade enorme de lixo que levará anos para de desfazer.
Resolvemos levar nossa própria embalagem para comprar comida de take away, pois a quantidade de embalagem de plástico usada por esta indústria é enorme. Raramente compramos comida, mas quando precisamos, fico até me sentindo mal com tantas embalagens indo para o lixo.
Se cada um de nós decidisse gerar o mínimo de lixo, o nosso ambiente agradeceria.
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