segunda-feira, 7 de março de 2016

REFLEXÃO NO DIA DA MULHER

Um dia desses, recebi um feedback sobre a forma como eu me expresso, principalmente quando quero defender o que penso.

Se eu fosse mais jovem, talvez nem tivesse dado bola a esse comentário, mas, com a maturidade, aprendi que vale a pena ouvir o que as outras pessoas têm a dizer, mesmo que seja sobre mim.

Se você não sabe o que é feedback, eu explico.

É aquilo que as pessoas falam sobre você logo depois de te perguntar: "posso fazer uma crítica construtiva?"

Brincadeiras à parte, existe feedback positivo e existe o feedback que não gostamos de escutar e que, por isso, consideramos negativo.

Talvez seja difícil receber um feedback quando ele é sobre o que incomoda nas pessoas. No fundo no fundo, até concordamos com a observação, mas, quando alguém verbaliza, é como uma cutucada em nosso ego.

O feedback sobre a forma como eu me expresso me fez refletir sobre como um mesmo comportamento é encarado de formas diferentes quando é praticado por um homem ou uma mulher.

Para quem não me conhece, eu tenho uma voz diferente, que impressiona pelo tom grave. Quando defendo minhas ideias, uso não apenas a minha voz, mas meu corpo todo. Gesticulo, ajeito as costas e olho diretamente nos olhos das pessoas. Se gostei, falo na cara. Se não gostei, falo também.

Isso assusta muita gente, mas tenho dúvidas se assustaria tanto assim se eu fosse homem.

Talvez eu esteja exagerando...talvez não seja assim sempre...mas acontece.

Durante muito tempo, as mulheres foram proibidas de opinar, de escolher, de gritar, desabafar, enfim...de viver na mesma intensidade que os homens. Tinham que ter um comportamento delicado, mais contido e uma linguagem mais reservada.

Muitas mulheres ainda pensam que têm que ser assim. Muitas mulheres ainda choram por ser assim.

Tenho a sensação de que falta a compreensão, por parte de homens e de mulheres, de que nós também podemos nos expressar intensamente, expondo nosso ponto de vista de forma direta, concordando com ideias com as quais simpatizamos e discordando quando pensamos que uma coisa não tem nada a ver. E que podemos fazer isso do jeito que quisermos.

Talvez eu esteja apenas me defendendo do feedback que recebi. Não sei...

O que eu sei é que o mundo está ficando muito chato. Temos que nos policiar com termos, com volume de voz, com a forma como nos relacionamos com os outros.

Muitas pessoas preferem ser mornas. Eu prefiro ser intensa, como uma chaleira borbulhando.

Que me desculpem os que se intimidam com a minha forma de me expressar, mas eu prefiro ser eu mesma, respeitando o jeito de ser dos outros e exigindo respeito com o meu jeito de ser.

3 comentários:

Victor disse...

Muito bem meu amor, refletir sobre um feedback é importante , porem, seguir seus instintos de ser, creio eu que seja bem mais importante.

Bia Fraguas disse...

Adorei o texto Karina! Me identifiquei demais, pois sou exatamente assim. Não consigo ser morna!

Bia Fraguas disse...

Adorei o texto Karina! Me identifiquei demais, pois sou exatamente assim. Não consigo ser morna!