domingo, 27 de março de 2011

SÓ É VELHO QUEM QUER...

Esta semana, participei de um curso sobre “Gerenciamento de Mudanças”, ministrado por dois professores. Um deles, o mais velho, era um americano de 60 anos que vive no Brasil há mais de duas décadas.
O curso abordou todas as etapas que devemos considerar num processo de ruptura entre algo velho e novo, especialmente a fase de transição, em que ainda achamos difícil deixar para trás tudo a que estávamos acostumados.
Além da qualidade do curso (muito boa por sinal), a energia do professor mais velho foi o que mais chamou a minha atenção em sala de aula: seu tom de voz era firme, foi simpático na medida certa, estava seguro sobre o tema que ensinava e, sobretudo, demonstrou gostar do trabalho que faz.
Inevitavelmente, comecei a pensar sobre os fatores que ajudam a nos manter jovens e, pelo que pude constatar pessoalmente, ter a certeza de ser produtivo, de contribuir para o crescimento de gerações que ainda têm muita estrada para rodar e, principalmente, estar aberto a tudo que está mudando o tempo todo são alguns deles.
Muitas pessoas, no entanto, começam a “pendurar a chuteira” muito antes da velhice realmente chegar. Acham difícil se adaptar ao novo ritmo das coisas. Sentem-se excluídas por não permitirem que continuem fazendo o que fizeram a vida toda.
No Brasil, pessoas que completam 60 anos já são consideradas “terceira idade” e, para elas, é concedido o direito de estacionar em vagas para idosos, de passar na frente de todo mundo em filas de banco, de supermercado, para votar... Muitas vezes, as mesmas pessoas que se dizem injustiçadas por não conseguirem emprego pela idade são as que mais gostam de usufruir desse “direito”. Minha impressão é que, dependendo da situação, é conveniente ser considerado velho.
Vi um exemplo disso no primeiro turno da eleição do ano passado. O fiscal da sala onde eu votava disse a uma mulher que estava na fila que, se ela já tivesse 60 anos, poderia passar na frente de todo mundo. Ela respondeu que, apesar de já ter essa idade, tinha condições de aguentar na fila como todos os que estavam ali. Achei a resposta dela o máximo, mas minha admiração durou pouco. Alguns minutos depois, ela mudou de ideia: “bom, se tenho esse direito, vou aproveitar”...
Querer ser tratado como alguém produtivo em certos momentos e, também, usufruir de privilégios destinados àqueles que, em razão da idade avançada, não têm condições físicas de se movimentar não é uma contradição? 
É claro que, com o tempo, nosso corpo não vai conseguir mais acompanhar o ritmo da nossa mente, por mais que nos esforcemos para isso. Se dermos uma forcinha com hábitos saudáveis, talvez isso só aconteça lá pelos 80 anos. Aí, qualquer ajuda será bem-vinda!

6 comentários:

Carolina C Souza disse...

Apesar de não ter hábitos muito saudáveis, espero nunca deixar de ser produtiva, não sei o que seria de mim se eu não tivesse "coragem" ou energia de não fazer nada...

Uma ótima semana a você e seus bichinhos!!! Beijo

Meyre Lapiso disse...

Quando aceitamos o decorrer dos anos com naturalidade tudo fica mais fácil. Vamos nos adaptando as mudanças e procurando maneiras de continuarmos fazendo as mesmas coisas so que de formas adaptadas ao nosso rítmo atual. Encelhecer pra mim é isso:" aceitar as mudanças do nosso corpo, nos adaptarmos a elas e seguir a vida!"

victor disse...

Estou chegando lá, faltam somente 11 aninhos. Esse tema é muito legal e aproveitando seu professor americano It´s cool. Os gringos já descobriram isso ha algum tempo e realmente curtem a vida ao maximo. Um super beijo meu amor

ENIO FARIA disse...

Conversamos sobre isto hoje e você sabe que concordo plenamente.
A lei que contempla estes benefícos deve ser alterada e a idade mínima passar para os 70 anos. Isto mais cedo ou mais tarde vai acontecer.
Parabéns pelo texto.

Daniela Santos disse...

Esse texto me fez refletir sobre nossas atitudes do dia-dia, sem percebermos nos deparamos com pensamentos ou até humor que somos velhos para "fazer isso,fazer tal.."
Podemos considerar "terceira idade" somente quando nosso corpo não pode mais acompanhar nossa mente...isso sim é terceira idade!
Parabéns pelo texto e reflexão!

Adriana Otani disse...

Seu texto me fez lembrar de uma situação no fim do ano passado, também nas eleições. Chegando no meu posto de votação, liguei em casa para avisar minha mãe de que a fila estava muito grande, mas como ela tem mais de 60 anos, poderia passar na frente. A reação dela foi totalmente surpreendente: não só não gostou da minha idéia como se sentiu ofendida por eu achar que ela não conseguia ficar na fila. Não foi essa a intenção, obviamente, mas minha surpresa logo se tranformou em orgulho, em ver que ela não quis se aproveitar de uma situação para tirar proveito! bjs