domingo, 4 de setembro de 2011

DIGA-ME COM QUEM ANDAS...

Um dia desses, estava fazendo meu treino de corrida e me deparei com uma cena triste: um menino de cerca de seis anos chorava ao lado de sua bicicleta caída ao chão e gritava com um grupo de garotos mais velhos que estavam por perto. Ele xingava, soluçava, berrava e, quando perguntei o que havia acontecido, ele disse que os meninos estavam tirando sarro da cara dele.

Eu o aconselhei a ir embora, mas ele disse que ficaria ali, junto dos meninos. E ficou mesmo, apesar de continuar sendo ridicularizado pelo grupo. Fiquei preocupada porque os outros meninos, apesar de crianças, era bem maiores que o menininho. Um homem que trabalhava na padaria perto do local me explicou que essa situação acontecia sempre e que, apesar disso, o menininho gostava de ficar com a turma dos garotos maiores.

Não tem nada de errado em querer ser aceito. O problema é quando abrimos mão dos nossos valores, princípios e até do nosso jeito de ser para conseguir circular em grupos que consideramos importantes e para ser bem "avaliados" pelos integrantes desse grupos.

Quem já não viu alguém assumir uma determinada postura diante de um grupo e agir de forma completamente diferente diante de outros? Aceitar ideias com as quais não concorda, se calar por receio de expor o que realmente pensa, aceitar brincadeiras estúpidas por medo de ser excluído?

Mas, por que é importante ficar perto de pessoas que não te fazem bem?

Ao pensar sobre tudo isso, percebi que essa necessidade de "aceitação" pelos outros não é um comportamento exclusivo do menininho ou de crianças e adolescentes em geral. Todos nós, um dia, já sentimos essa necessidade de fazer parte "da turma" seja na escola, no trabalho e até na própria família. Alguns sentem essa necessidade até hoje.

É importante identificar os motivos pelos quais nos sujeitamos a abrir mão da nossa personalidade para agradar e ter a aceitação dos outros. Até que ponto vale a pena nos anular para agradar outras pessoas?

Talvez, quando cada um de nós puder responder com sinceridade a essa pergunta, teremos pessoas mais dispostas a aceitar os outros como são e, não, como eles acham que deveriam ser.

6 comentários:

Lucimara Fernandes disse...

Oi Ká,
Adorei o seu post, tem tudo a ver com o momento que estou vivendo...
Eu sempre tive essa necessidade de agradar a todos e ser aceita nos grupos... Mas com o tempo fui percebendo que é impossível conquistar essa simpatia mostrando a nossa verdade! Para ser sempre aceita, muitas vezes, precisamos usar máscaras, relevar muitas coisas e fingir que está tudo bem... Porem, como nunca fui assim, sempre paguei o preço, no trabalho, nos meios sociais e na própria família! E com o tempo fui percebendo quem são os verdadeiros amigos, que realmente nos aceitam como somos.
No meu caso, me anular, não me faz nada bem! Me dá enxaqueca e até depressão... rs. E conviver com pessoas que não me fazem bem, também não me interessa!
Eu dou muito valor à amizade e à convivência social, mas esta relação deve ser prazerosa e verdadeira!
Parabéns pelo post!
Beijos

Cássia disse...

Ka, muito bom seu texto, como sempre!!
bjo

Junior Galvão disse...

Gostei do texto ! É bem por ai, a alguns meses pratico a máxima do (desculpe os termos) "faço só o que eu gosto, e o que realmente quero.. e f#da-se os outros" .. rsrs, sem esquecer do respeito ao próximo é claro. E não é que ando bem mais feliz =) .. ao tentar agradar o outro, esquecemos de agradar a nós mesmos.. e afinal, podemos contar somente com nós mesmos, complexo não? rs
abraços :)

SILVA E SILVA disse...

Li sua materia,concordo que não devemos fazer coisas que não gostamos porque se agirmos assim teremos duas faces,para agradar outros.

Roberto Borges Filho disse...

Na verdade acredito que a gente se reflete no outro já que nos constituímos do outro.Quando falamos estamos falando de nós mesmos nos outros. "Passar da fase" não quer dizer passar de uma vez mas sim sentir uma passagem que tenha um transito livre entre o que foi e o que está sendo. Acredito que o importante é a gente ter essa liberdade de nos "reconhecermos" já que muitas coisas ficaram guardadas em nós e quando elas aparecem não quer dizer um novo conhecimento mas sim, um re-conhecimento. Será que realmente não vivemos em função do outro?

meyre Lapido disse...

Concordo com Roberto.
Vivemos em função de alguem ou de alguma coisa.
Se tivermos coragem de assumir,entenderemos que vemos no outro jeito de ser que tbém somos,que já fomos ou que temos medo de ser e diante disso resolvermos como vamos lidar com isso.