Bimba vai mal. Soares e Melo perdem. Cielo decepciona. Tales Cerdeira fica de fora, assim como Daniel Xavier. Leandro Guilheiro perdeu a chance de conquistar a medalha de bronze. Duda não consegue bom salto.
Pode ser apenas impressão, mas parece que a mídia, durante a cobertura dos Jogos Olímpicos, prefere usar o nome dos atletas para informar as derrotas e o nome "Brasil" quando trata das vitórias.
É claro que nem todos fazem isso, mas, quando acontece, chama a atenção. Pelo menos, a minha atenção.
De todos os verbos utilizados para criticar a performance dos atletas brasileiros, o mais injusto, na minha opinião, é o verbo decepcionar.
Entendo que decepcionar significa tirar a ilusão de que algo não vai acontecer. É algo como ter a certeza que uma pessoa jamais trairá sua confiança e, um belo dia, ela trai, contrariando toda a confiança que você depositava nela.
Como pode, então, um atleta decepcionar?
Os Jogos Olímpicos reúnem atletas de diferentes países, muitos dos quais oferecem um apoio extraordinário na formação de seus jovens e no treinamento daqueles que os representam em competições, como é o caso da China, dos Estados Unidos e da Russia.
No Brasil, qualquer pessoa que pratique uma atividade física já deveria se considerar vencedora pelo simples fato de conseguir vencer o sedentarismo e se exercitar. Imagine, então, um atleta que se dispõe a cumprir uma árdua rotina de treinamentos, muitas vezes com recursos próprios, abrir mão de várias coisas que a maioria das pessoas gosta de fazer e, ainda, representar um país totalmente sedentário em se tratando de investir na qualidade de vida e saúde da sua população.
Quando palavras como "decepciona, fracassa, perde a chance" são usadas para descrever a performance dos atletas, fica a sensação de que eles não ofereceram o seu melhor o que é, de longe, uma grande injustiça.
É importante lembrar que a má atuação de um atleta ainda é, disparadamente, melhor que a de qualquer reles mortal, principalmente daqueles que ficam sentados o dia inteiro e para quem até uma caminhada é díficil de completar.
Os atletas brasileiros, ganhando ou não, já são vencedores e ninguém tem o direito de criticar.
5 comentários:
Oi Karina, adorei o texto.
Realmente no Brasil não há ajuda nenhuma por parte do governo, apenas os patrocinadores que conseguem bancar os atletas e dar uma certa condição para que se desenvolvam ainda mais. Ótima observação quando fala que os meios de comunicação enfatizam que é o atleta que errou e quando acertam, é o nome do Brasil que aparece. Não há apoio por parte do país, então realmente os atletas não merecem críticas.
Assisti ao Cielo chorando e me deu uma tristeza imensa, pois como ele mesmo disse, se há alguém que está decepcionado com ele, multiplique por 100 que resultará no que ele mesmo está sentindo.
Espero ter contribuído.
Bjs
Carol
Ká.
Essa imprensa nacional é tão ruim que os programas esportivos deles fala somente do futebol. Para eles só existe uma modalidade de esporte o futebol. Quero também expressar todo o meu apoio e reconhecimento aos atletas brasileiros, são todos OURO. beijo meu amor
Kaká,
Concordo plenamente com você!
Como venho escrevendo eventualmente em minha pagina, nos últimos tempos está havendo uma grande inversão de valores principalmente pela mídia! Valorizar os supostos "fracassos" vende mais que mostrar as pequenas vitórias do dia a dia!
E falando das Olimpíadas e dos nossos atletas que estão lá, só de estarem entre os melhores do mundo já devem ser considerados como vencedores!
Se a mídia quer tratar o resultado deste ano como "decepção" que pelo menos sirva de motivação para o governo e os nossos empresários para investirem mais em nossos atletas!
Parabéns a você pelo texto e a todos os atletas pela participação nas Olimpíadas!
bjs
Totalmente de acordo. Talvez seja mais fácil criticar a derrota do que incentivar os novos a chegar lá. Imagine um país como o nosso onde não se vê quase nenhum incentivo pelos governos e prefeituras, apenas um ou outro banco e ainda assim migalhas, ver um atetla praticamente desconhecido ficar entre os 06 ou 07 melhores do mundo no salto a distância, e a mídia apenas aponta que infelizmente o Duda nao chegou lá. Ao invés de mostrar que apesar dos pesares ficamos em 06 no meio de 200 países. Parabéns pelo texto Karina. Marcos Lacerda
Oi Karina,
Obrigada por expressar tão bem o sentimento que temos em relação a falta de apoio aos atletas.
A ex-União Soviética ganhava todas, mas porque cada atleta era mantido exclusivamente pelo governo. Muitos eram empregados militar, ou seja, eram pagos para treinar. Acho que atualmente o mesmo acontece na China. A única diferença é talvez os Estados Unidos, mas lá as empresas recebem incentivos fiscais para investirem não somente em atletas como em caridade e trabalho humanitário.
Parabéns!
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