Quem nunca conviveu com um gato, não tem propriedade para falar sobre ele.
Mesmo assim, tem gente que enche a boca pra afirmar que o gato não se interessa pelo dono e, sim, pela casa do dono.
O grande equívoco começa aí: um gato não tem dono.
Quem convive com um gato sabe que ele é o dono do próprio nariz. Permanecer ao nosso lado é uma decisão do gato e não do ser humano. É impossível obrigar um gato a ficar onde ele não quer.
Talvez essa seja a razão pela qual algumas pessoas criticam o gato. Educadas para relevar coisas que não gostam, a permanecer onde não se sentem à vontade, a agradar quem não faz por merecer, algumas pessoas sentem-se incomodadas ao se deparar com um ser que tem a liberdade de ir e vir a hora que bem entender. Essa atitude do gato faz com que elas dêem-se conta do quão limitada sua vida pode ser quando têm que se preocupar com a opinião dos outros.
Quem nunca foi escolhido por um gato, não tem propriedade para falar sobre ele.
Um gato é um exemplo de que para conviver com a diversidade é necessário respeito e paciência. Não se pode tratar um gato como um cachorro e, muito menos, esperar que ele tenha as mesmas atitudes que um cachorro teria em relação a você.
Ele não vai fazer um estardalhaço se algum ladrão tentar invadir sua casa, mas vai demonstrar claramente quando alguém não for bom pra você.
Talvez essa seja a razão pela qual algumas pessoas criticam o gato. Preocupadas em ser aceitas por uma sociedade que se preocupa mais com o "ter" do que com o "ser", algumas pessoas sentem-se incomodadas com um animal que tem a capacidade de "ler" as reais intenções do ser humano e de escolher se afastar ao entender que isso não é bom para ele. Isso faz com que elas percebam o quanto gastam seu tempo atuando para mostrar o que não são.
Quem nunca foi encarado por um gato, não tem propriedade para falar sobre ele.
Não tem nada mais questionador quando um gato olha fixamente pra você e te faz imaginar o que ele está pensando.
Nos seus momentos de angústia, medo ou tristeza, uma gato senta no seu colo e, com toda a simplicidade do mundo, olha fixamente pra você. Nesse momento, tudo o que te aflige e te atormenta fica em segundo plano e você só deseja saber o que passa pela cabeça dele, esquecendo dos próprios problemas.
Nessa hora, ele parece dizer: seja o que for, estou ao seu lado. Mas, ao mesmo tempo, parece perguntar: o que você vai fazer para sair dessa?
Talvez essa seja a razão pela qual algumas pessoas criticam o gato. Ansiosas por receber apoio até mesmo quando estão erradas, algumas pessoas sentem-se incomodadas quando um ser olha fundo para a sua alma como que lembrando que o mundo não está ali para passar a mão na cabeça delas. Isso faz com que elas reconheçam o quanto posam de vítimas diante das situações que elas mesmas escolheram viver.
Um gato dorme, come, brinca e se afasta quando bem entende.
Independente nas suas atitudes e escolhas, consegue ser leve e marcante no momento certo. Não finge, não aceita o que não gosta, não faz o que não quer.
Não é mais nem menos. É o que a maioria de nós tenta ser: livre.
3 comentários:
Maravilhoso esse ensaio filosofico, parabens, super beijo
Concordo com você Karina.
Um bom texto.
Abraço!!
Gostei, mesmo não tendo gatos nem cachorros, tenho amigos gatos e cachorros. Muito interessante!
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